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Oi caros leitores (vamos fingir que há vários), estava escrevendo despretensiosamente hoje e resolvi transcrever aqui pro substack, achei que seria legal compartilhar com quem quiser ler.
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Gastando a tinta da minha caneta nova (super cara) e minhas palavras também (baratas).
Às vezes sinto que sou telespectadora da minha própria vida. De repente, não sou mais amiga dos meus amigos, filha dos meus pais, irmã dos meus irmãos, aluna dos meus professores, e assim por diante. De repente, parece que sou qualquer pessoa, menos eu; uma pessoa destoante de mim, e ninguém ao mesmo tempo.
É difícil explicar, mas é quase como se eu saísse do meu próprio corpo e me visse passando, como um desconhecido na rua.
Não faço sentido, não me faço entender.
A verdade é que eu sou muito consciente da minha existência, do mundo ao meu redor. Não é falta de amor à vida, talvez só um pouco de medo. A vida é toda minha, e essa grandiosidade me deixa desnorteada. Sabe quando você mergulha por muito tempo e, quando volta para a superfície, é tomado por uma avalanche de ar? Se afogar em ar é a vida, pra mim. Sei que não estou louca, pois Clarice já escreveu:
"estou infinitamente maior que eu mesma, e não me alcanço."
Não me entenda mal, não sou vazia, nem triste. Pra ser honesta, sou cheia demais. É como quando várias pessoas falam ao mesmo tempo e você não consegue entender o que está sendo dito.
Desassocio e vejo minha vida como um filme, do passado até o presente, e imagino milhares de finais alternativos. Tenho medo de envelhecer e perceber que passei mais tempo tentando entender a vida do que a vivendo. Mas também tenho medo de vivê-la sem entender nada.
Com tudo isso, ou por causa de tudo isso, eu escrevo hoje. Não para que alguém me entenda, mas para deixar fragmentos de mim, na esperança de que eu, em algum futuro, ao reler isso, consiga me alcançar.
Sim, confesso, estou sendo dramática de novo, interpretando como crise o que às vezes é só excesso de humanidade. Desculpa, é inevitável.
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Pequeno, mas sincero. Apenas o que eu precisava pôr para fora hoje, queridos. Beijinhos <3
voce simplesmente traduziu a sensação estranha de ser espectador da própria vida, de estar presente, mas, ao mesmo tempo, distante de si mesmo..... NAO CREIO, achei que era o unico a sentir isso..
eu senti isso tantas vezes, me vendo de fora, tentando entender quem sou no meio de tudo, pra mim é assustador
eu não acho que seja "drama" como você disse no final. Acho que é só ser humano demais, ter consciência demais!!! E, de certa forma, escrever, como você fez, já é um jeito de se alcançar, nem que seja um pouquinho!